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AS PONTES DE TEERÃ Esta semana tive uma experiência muito feliz na internet. Visitei o blog do Sérgio Dávila (http://sergiodavila.blog.uol.com.br/), ele está escrevendo direto do Irã. Sempre morri de curiosidade de conhecer o Irã. Aquela história contada pelas agências de notícias internacionais – do tipo, no Irã se come criancinha, nunca me satisfez. Parecia-me óbvio que um Estado como o Irã, com a riqueza cultural que têm, guardasse muitos segredos maravilhosos. À parte o regime teocrático – não me interessa a questão política, pelo menos nessa coluna, chamou-me a atenção à descrição feita pelo Sérgio Dávila para uma prática comum no Irã. Nas noites claras de Teerã, as pessoas se reúnem debaixo de pontes de seiscentos anos de idade para se divertirem. Depois de ver as fotos, fiquei surpreso com a atmosfera aconchegante dos viadutos de Teerã. Em tijolos expostos, tudo limpinho. Dezenas de famílias comungando o espaço público como se ele fosse realmente público e aqui vale a redundância porque no Brasil o espaço público não é público. Ocupar as ruas de forma civilizada é algo que quase não existe. A rua é de ninguém. Ora bolas, que porcaria de democracia é esta que não cria as condições mínimas para a população ocupar o que ela mesma produz? É um roubo. Isso. Um roubo gigantesco que nos priva de nossa própria metrópole. Esse roubo começa no mensalão, passa pela indiferença da classe média e alta, que agem como avestruzes e termina com a ditadura do PCC. Dane-se se o regime é capitalista, socialista, teocrático. A gente vai ter que trabalhar para produzir a cidade de qualquer jeito. Eu quero morar em uma cidade que também seja minha, afinal, nós a construímos a cada dia.
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