TESTE DE CARÁTER

É justo contratar pela capacidade. Podemos julgar experiências e referências e testar habilidades. Mas, e quanto ao caráter? A maioria das empresas quer líderes que, tendo que escolher entre o certo e o errado, façam naturalmente o certo. Elas precisam de líderes cujos clientes, fornecedores e funcionários possam confiar. Entretanto, os processos para contratação raramente tentam avaliar este lado dos candidatos.

Chuck Pappalardo, diretor da Trilogy Venture Search, uma empresa de recrutamento da Califórnia, está trabalhando em cima desse assunto. Com a ajuda de um Consultor em Ética, ele tem desenvolvido um método para avaliar o caráter:

1- Conduzir uma auditoria interna para identificar os valores da sua companhia. A cultura da sua empresa apoia a tomada de decisão? Ela encoraja as pessoas a fazerem o que é certo? É discutido o caráter entre os dirigentes da empresa? Assim, determinaríamos como uma pessoa de caráter se encaixaria nessa companhia.

2- Procure saber qual o perfil que seus funcionários têm em relação ao caráter. São três as categorias que o formam: integridade, capacidade de inspirar os outros e humildade. A partir daí deve-se desenvolver entrevistas que explorem o conhecimento desses comportamentos.

3- Para avaliar a integridade, procure saber como o candidato encara os problemas. Uma pergunta de Pappalardo: "Conte-me sobre quando teve que enfrentar um grave problema financeiro ou uma situação de dificuldade pessoal". A pergunta deve ser feita sem restrições ou limites, forçando o candidato a dizer mais sobre ela; seu comportamento deverá ser "criar e manter a confiança".

4- Para julgar a habilidade que uma pessoa tem para inspirar, descubra como ela lida com más notícias e se ela é uma construtora de consenso. Uma pergunta é "Fale-me quando você desenvolveu um processo ou metodologia para obter um novo resultado". Ou pergunte sobre a última equipe que ela formou, no que trabalhou e qual foi seu último sucesso profissional.

5- Investigue a humildade da pessoa - ou a falta dela. Ouça as reclamações feitas. Teste o auto-conhecimento da pessoa. Pergunte: "Qual é seu ponto fraco?". Pappalardo diz: essa é uma das minhas favoritas, pois não existem "pontos fracos".

Keith H. Hammonds
Revista: Fast Company, novembro 2003, p. 40