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Editorial
 

   
 

SOLUÇÕES E DESEJOS

Estive refletindo sobre uma observação que o Arão Sapiro, presidente do Insec, fez num almoço coletivo que tivemos no Estalagem após seu retorno do evento World Café. Ele comentou sobre um pássaro que estava embaixo da cadeira numa estratégia de interação com outro pássaro. O Sapiro, é uma criatura amorosa, bastante curioso e lúdico – dono um estilo pessoal de enxergar a simplicidade. Ele estava, naquele momento, com um sorriso especial, se deliciando com a solução que o pássaro tinha dado para a situação em que se encontrava. Na minha caminhada de volta pensei sobre o assunto, inspirada na imagem daquela cena. Fiquei imaginando o momento delicado que mundo se encontra e os tipos de soluções que estamos propondo e me perguntando : por que com tanta tecnologia, inteligência e culturas não possuímos estratégias de melhor qualidade do que as temos hoje ?

Os seres vivos interagem no ambiente em que vivem a partir das necessidades que têm. A a história que é construída e as novas experiências que vivem, modificam o ambiente e se modificam dia após dia numa dança espetacular. O ser humano, tem uma característica extra, ainda não revelada nos outros seres. Ele é um ser que deseja. Mas, o que é isso de desejar ? Que diferença existe entre o desejo e a necessidade ? E o que isso pode dificultar ou facilitar na qualidade das soluções ?

O desejo é uma falta, um buraco. Nos mantém abertos, nos impulsiona e « justifica » nosso consumismo. Todos somos consumistas, mesmo os que consomem outros valores. Atualmente temos até uma estratégia comercial para quem quer « consumir sem pagar o preço » : cerveja sem álcool, refrigerante diet. As pessoas que aderem têm, ao mesmo tempo, o desejo e o medo do consumo. O prazer é, a satisfação, a homeostase, que se encontra cada vez mais escassa na nossa sociedade, é o momento em que parecemos completos. Assim, a demanda humana tem esse diferencial. Por que ? Porque a demanda humana vai além da necessidade, ela é essencial e recorrentemente uma demanda de amor não pode ser dada ou recebida como os pássaros recebem as semente. O bebê, por exemplo, tem uma necessidade de se alimentar, como todo ser vivo, mas o que ele deseja não é tanto o leite, mas o amor da mãe. Dos seres vivos somente o ser humano constitui sua identidade a partir do outro. Se somos, na nossa civilização, o desejo do desejo do outro, então nossas soluções estão intrinsicamente relacionadas com o outro e por consequência direta, com o amor. Será que não vale a pena perguntar se nossas relações de amor não estarão enfraquecidas e, por isso, estamos ausentes do interesse efetivo de soluções ? Será que nossa percepção de receber tão pouco não nos ausenta da ação, ou melhor, da motivação para agir? É interessante ressaltar que a dificuldade do vir a ser tem relação direta com o medo da traição.

Para seguir adiante nesta reflexão convém citar Slavoj Zizek, um esloveno, filósofo e político que ressalta em Bien venue dans le desert du réel – 2002 que a busca pela realidade objetiva é uma busca falsa, um estratagema definitivo para evitar o confronto com o Real. Esse pesquisador procura diagnosticar por trás das aparências os sintomas da sociabilidade contemporânea desvendedando as articulações.

Patricia Dupin D.E.A em Intelligence Competitive pela Université de Toulon (França) - 2002. Pós-graduação em Inteligência Competitiva pela UNA – Ciência Gerenciais - 2000. Pós-Graduada em Learning Organization - 1995. Graduada em Psicologia com formação em Psicanálise. E-mail:pdupin@insec.com.br
 
   


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