Chega!!! Já é hora de parar de lamentar-se do que aconteceu.
É verdade,
as empresas, os investidores e as pessoas de um modo geral perderam
muito, nos últimos meses, com a fenomenal desvalorização dos ativos.
Só no setor de telecomunicações é calculado um rombo de U$ 1 trilhão.
Pelo menos esse é o valor da exposição total dos bancos como credor
de muitas empresas que agora terão dificuldade de rolar seus financiamentos,
pois seus investimentos, tão cedo, não terão o retorno esperado.
A explicação está no fato de que a oferta mundial potencial de serviços
de telecomunicações, representada pela capacidade de transmissão
aumentou 500 vezes nos últimos dois anos, enquanto que a demanda
somente quadruplicou no mesmo período.
Hoje há
uma enorme pressão por práticas gerenciais transparentes, pois
também nesse mesmo período de dois anos não se sabe ao certo quantas
empresas, em quantos setores, tiveram que lançar mão de estratagemas
e arranjos contábeis para aparentar perspectivas de sucesso a
crédulos investidores, pois do contrário estariam antecipando
uma fuga de capitais, tão ou mais rápida quanto foi a sua chegada.
Por seu
lado, os investidores também ajudaram no processo do ¨me engana
que eu gosto¨, na medida em que praticaram uma irracionalidade
exuberante e não se deram conta, ou não quiseram se dar, que um
cenário de eterna prosperidade era algo historicamente descabido.
Foram tempos em que imaginava que a Internet dobraria de tamanho
a cada 100 dias.
E, finalmente,
o individuo que perde duas vezes nesta situação. Primeiro, enquanto
profissional, acompanha sobressaltado os programas de dispensas
promovidos por quase todas as empresas, procurando se ajustar
aos novos tempos. E perde também por que o ritmo da economia cai
como um todo, levando ladeira abaixo seu poder de compra.
Aí veio
o tempo do paraíso prometido, mas que se mostrou um verdadeiro
inferno. A maioria das previsões sobre a nova economia não se
concretizaram, pois estavam suportadas por falácias sobre a aceitação
da nova tecnologia. Muitas empresas, por outro lado, tiveram suas
práticas contábeis denunciadas e estão tendo que percorrer uma
verdadeira via crucis de penitências, esclarecendo quais, de fato,
são suas perspectivas.
Nessa hora,
a receita clássica dos financistas recomenda um imediato direcionamento
das aplicações em ativos seguros, preferencialmente as Letras
do Tesouro Norte-Americano. Todo investimento passa a ser arriscado
e portanto desaconselhável: empresas multinacionais, países emergentes
ou bolsas de valores e mercadorias. Outra grande irracionalidade!
Não se
pode culpar o capitalista investidor. Afinal essa é sua natureza
e o dinheiro, todos sabem, é covarde. Cabe ao empreendedor tomar
as rédeas dos acontecimentos e buscar sua energia na ilimitada
capacidade de criar e reconhecer oportunidades. Se o investidor
se encontra pateticamente travado é preciso encontrar uma linha
de diálogo com ele.
Saídas para a Novíssima Economia
O trauma
é muito grande, não há dúvida. Ninguém poderia supor a grande
armação que estava sendo montada por executivos da Enron ou WorldCom,
nem que os investimentos realizados acabariam por prover uma superprodução
potencial, com a conseqüente briga de faca e foice entre empresas
de um mesmo setor buscando garantir as parcelas desproporcionalmente
menores de mercado quando comparadas com a oferta disponível a
estes mesmos mercados.
Porisso
a competência para reanimar os mercados deverá ser caracterizada
por uma energia sem fim. Há muitas oportunidades de grande potencial
de retorno esperando para receber a atenção dos atemorizados investidores.
Só que desta vez o sucesso dos novos empreendimentos não poderá
ser lastreado em construções contábeis não claramente explicadas.
É chegada
a hora dos empreendimentos verdadeiramente de valor. E dimensionados
para a velocidade da aceitação dos respectivos mercados. Não serão
mais mega oportunidades como as que a cada tempo polarizaram e
carrearam os recursos disponíveis. Pelo contrário, os investidores
deverão aprender a administrar carteiras de investimentos muito
mais variadas e de menor porte. As aplicações serão muito mais
assemelhadas à incisão precisa de um cirurgião do que uma grande
penetração produzida na exploração de petróleo.
Mas onde estão as Grande Oportunidades?
Quem já
ouviu falar no Alto Paraíso em Goiás, Brasil? Enquanto cansados
investidores procuram um meio de recuperar o que perderam nas
empresas ponto.com, a região do Alto Paraíso espera placidamente
por investimentos no turismo. A 230km de Brasília, Alto Paraíso
(GO) é o principal pólo de turismo ecológico no centro-oeste brasileiro,
devido ao Parque Nacional
da Chapada dos Veadeiros, situado a poucos quilômetros. É um pólo
místico onde se fazem representar as correntes religiosas não-tradicionais
e esotéricas. Sua encantadora e penetrante natureza serve de estímulo
à imaginação dos que esperam receber ali, algum dia, os extraterrestres.
O investidor
deverá ser muito mais um garimpeiro de oportunidades, se quiser
prosperar e escapar da inevitável derrocada dos investimentos
recentes. Por exemplo: Os aeroportos precisam ser modernizados
e ampliados, o desenvolvimento de matérias-primas alternativas
precisa ser rapidamente ser implementado, um novo tipo de cidade
não terá problema para encontrar compradores para seus imóveis
e inúmeras oportunidades podem ser encontradas no setor de educação.
Sem dúvida
há muitas oportunidades além dos atuais limites, mas como encontrá-las?
Encontrar novas oportunidades é como encontrar uma agulha num
palheiro. Isso difere da pesquisa de marketing, a qual descreve
o próprio palheiro. O objetivo é aprender dos outros produtos,
dos recursos de marketing, das habilidades tecnológicas, operacionais
e organizacionais, na esperança que o conhecimento possa ser usado
para melhorar a performance de nossa própria sociedade.
Deve-se
procurar por clientes que são usuários iniciais dos novos produtos.
Tais clientes são importantes porque seus interesses pioneiros
freqüentemente marcam o curso de um futuro desenvolvimento. Quais
são os clientes mais inovativos? Quais são as vantagens que eles
querem de seus fornecedores? Os distribuidores mais inovativos
estão familiarizados com suas necessidades, nas áreas nas quais
eles poderiam contribuir?
Novas oportunidades
podem, também, ser achadas contando ao mundo o que se está procurando.
Esta estratégia pode ser útil quando a informação procurada está
mundialmente espalhada ou quando o interesse não seja atrapalhado
por ser conhecido pelo público.
Quando
uma “procura” excede a capacidade de um indivíduo de uma organização,
sugere-se a criação de grupos de procura de informação. Para se
ter uma idéia, na indústria de computação, o montante disponível
de softwares, freqüentemente, determina o nível de venda de equipamentos.
Aproximadamente, um terço de todo software rodando em computadores
de médio e grande porte, vem de fontes de países emergentes.
Os grupos
de procura são mais capazes de interpretar as implicações de novos
desenvolvimentos dentro de seus campos e podem perceber coisas
que outros não percebem. Para empresas em ambientes de mudanças,
a “procura” deveria ser parte do trabalho de todos em busca de
informações.
Tirar vantagem
temporal de uma nova informação não é simples. A informação que
se origina fora do contexto da empresa, chega distorcida e de
forma irregular e é preciso saber codificar as informações.
“Procura”
é uma atividade criativa que aparente ser fácil. Mas onde procurar
é que é o problema. Como antecipar um valor em potencial? Como
combinar os fatos? Como ter a curiosidade de procurar em lugares
não convencionais? As pessoas que são boas em “procura” são naturalmente
“perguntadoras” e entendem todas as necessidades de sua empresa.
Infelizmente,
algumas culturas corporativas não estão acostumadas em capturar
e trabalhar informações que estão além do dia-a-dia. Algumas empresas
até proíbem seus funcionários de trocarem informações fora da
empresa.
A grande virada, e a única!
O mundo
dos negócios e a da economia se vê diante de uma escolha entre
alternativas possibilidades. A primeira alternativa corresponde
a sucumbir diante do inevitável prejuízo que a descompromissada
atitude diante de maravilhosas previsões levou e para consertar
se tentará alguma saída ainda mais danosa à felicidade coletiva,
na vã esperança de alguns de salvarem-se.
Mas há
uma outra possibilidade: Quem sabe se verdadeiros empreendedores
motivados por seus anseios de construção e presenciando um desarranjo
global não se iluminem e resgatem de sua essência a energia para
alertar a míopes investidores que muitas oportunidades aí estão?
Será necessário
somente uma nova visão de negócios e a promoção de uma nova atitude
em relação aos mercados e às sociedades. É preciso, enfim, buscar
as verdadeiras fontes do valor das coisas.